O que é a caricatura?
A caricatura é um desenho inspirado em personagens da vida real. Porém, a caricatura exagera as características da pessoa de uma forma humorística, assim como em algumas circunstâncias acentua gestos, vícios e hábitos particulares em cada indivíduo. Ser caricato é ser objeto de brincadeira, ironia ou ter algo peculiar na face ou no corpo, levados ao exagero, à sátira ou como crítica de social.
Origem e Caricaturistas
A palavra caricatura provém da palavra italiana caricare, que significa carregar, no sentido de exagerar as feições do desenhado. É comum vermos hoje em dia caricaturas políticas, de futebol ou sobre a sociedade nos jornais e revistas, no entanto, as sátiras sociais através de caricaturas já existiam principalmente a partir do século XVIII, realizadas por artistas de renome.
Artistas como os ingleses James Gillray (1757 - 1815) e Thomas Rowlandson (1756 - 1827), considerados brilhantes caricaturistas, que faziam o observador logo reconhecer a personalidade que estava a ser representada; o francês Honoré Daumier (1808- 1879), que com a agitação social em França no século XIX foi um prato cheio para os caricaturistas, principalmente sobre o rei Luís Filipe de França. Outros artistas como Tiepolo e até Picasso, também têm trabalhos de caricatura. Monet, por exemplo, era caricaturista no início de sua carreira.
É comum ainda o uso de elementos caricaturais nas artes gráficas contemporâneas.
Atualmente, são vários os caricaturistas que se destacam internacionalmente, fazendo exposições e publicando na media. Os maiores nomes são Sebastian Kruger, Jan Opdebeek, Mulatier entre outros.
A caricatura em Portugal
Na época medieval, a crítica expressava-se, essencialmente, pela produção de poesia trovadoresca satírica que aumentava através das cantigas de escárnio e maldizer. É ainda pela palavra representada que surge a obra do grande satírico português, o dramaturgo Gil Vicente.
Mais tarde com o aparecimento da Inquisição, o espírito satírico nacional esvai-se, passando a estar associado à subversão da sociedade.
Só mais tarde, no século XVII se reúnem as condições para o humor renascer. A imprensa, desde logo, mostrou-se como o seu mais fiel suporte, fazendo difundir a crítica satírica através de folhetos, papéis volantes, etc.. Os desenhos que surgem nesta época são adaptações de trabalhos estrangeiros que procuram criticar o sistema político nacional, uma vez que a arte da gravura erudita era uma arte sem raízes na tradição artística portuguesa.
As influências liberais, as guerras napoleónicas, a violência política de um modo geral e a instabilidade do pensamento desencadearam uma série de reações na imprensa da época. É a partir do século XIX que a produção jornalística e a sátira flutuam ora ao sabor da liberdade de expressão ora ao sabor da intolerância do poder. Em meados de 1850 surgem os primeiros jornais com ilustrações satíricas: «O Patriota», «O Torniquete», «Demócrito», «Duende», etc...
Nesta época os artistas eram quase todos artesãos que ilustravam grosseiramente uma legenda ou um texto satírico. As caricaturas de teor político surgem como resposta à repressão, à ditadura, ao despotismo e na maior parte das vezes são anónimas ou assinadas por pseudónimos.
Com o desenrolar do século, os ânimos violentos do desenho acabam por dar lugar a uma nova concepção filosófica de arte, mais preocupada com a evolução estética. Manuel Bordalo Pinheiro, Manuel Macedo e Nogueira da Silva, foram os principais responsáveis por este virar de página na vida da caricatura em Portugal.