Foi num ambiente festivo que decorreu a apresentação da intervenção de meio de vida dos comboios pendulares da CP, que desde 1999 operam serviços a 220 km/h no corredor Braga – Porto – Lisboa – Faro. Depois de acumularem mais de 40 milhões de quilómetros, as dez unidades adquiridas à Fiat Ferroviaria / Alstom vão passar por uma cura de juventude no Grupo Oficinal do Entroncamento, onde a série realiza as suas intervenções mais profundas desde que entrou ao serviço.
Perante convidados, os presidentes da EMEF e da CP apresentaram as linhas gerais da intervenção, contextualizando a importância destes comboios para o serviço de longo curso em Portugal. O serviço Alfa Pendular sucedeu ao já de si prestigiado serviço Alfa, que desde o final dos anos 80 ligava Porto e Lisboa num tempo mínimo de 3 horas. O upgrade com as composições italianas acabou por permitir aproveitar alguns troços renovados da linha do Norte onde as composições convencionais estão limitadas a velocidades entre os 160 e os 200 km/h, e em que os comboios pendulares atingem velocidades entre os 200 e os 220 km/h.
Graças à pendulação ativa, inclinando o comboio até 8 graus, estes comboios permitem a prática de maiores velocidades ao reduzirem o desconforto provocado aos passageiros pela atuação da força centrífuga. A limitação de velocidade para os comboios de passageiros é maior devido ao fator conforto do que devido ao fator de segurança, e é essa limitação maior imposta pelo conforto que a pendulação procura minorar.
As maquetes apresentadas publicamente deixaram os convidados perceber em que condições viajarão os passageiros a bordo dos renovados comboios, que começarão agora a entrar na oficina gradualmente. Cada comboio estará até 3 meses aos cuidados das oficinas do Entroncamento, num processo longo e complexo mas que prepara os comboios para mais 15 anos de serviço com a máxima atualização de equipamentos, também numa óptica de procurar facilitar a sua exploração e manutenção ao longo desse tempo. Vários equipamentos serão beneficiados de modo a poderem ter uma substituição mais rápida nas oficinas de Contumil, as oficinas especialmente construídas e equipadas para fazer a manutenção quotidiana destes comboios. Também a pintura procurou uma simplificação que permita diminuir o tempo de imobilização em caso de ser necessário ser retocada, nomeadamente em casos de colisão.
Entre as muitas alterações, destaque para a reestofagem de todos os bancos e a disponibilização de tomadas elétricas em todos os lugares. Ao mesmo tempo, na 1ª classe haverão ecrãs individuais nas costas dos bancos e em todo o comboio as velhas televisões serão substituídas por modernas televisões LED. A internet a bordo será melhorada, permitindo uma transmissão com débito superior ao atual.
Os painéis inferiores serão numa imitação de madeira, num acabamento que faz lembrar alguns comboios de alta velocidade espanhóis. As casas de banho, fontes de problemas na atualidade, serão integralmente substituídas por módulos novos, que se pretendem que sejam mais fiáveis e funcionais.
Os salões serão iluminados por novas iluminações LED, instaladas ao longo de todo o comboio. Também a sinalética interior será completamente modificada.
Cada comboio pressupõe um investimento de 1,8 milhões de Euros na sua revisão e modernização, envolvendo cerca de 60 profissionais da EMEF e subcontratados na sua realização. Vários dos concursos para adjudicar os contratos de fornecimento dos principais componentes foram já lançados nas últimas semanas.
Aptos a 220 km/h e desenvolvendo cerca de 4000 kW de potência, os comboios pendulares da CP estão entre os mais fiáveis do mundo neste segmento, graças a um trabalho notável da EMEF e CP Frota neste campo. O reconhecimento da expertise da EMEF na manutenção de comboios altamente complexo valeu-lhe um contrato de assessoria junto da suíça SBB, que opera comboios semelhantes.