A NASA anunciou sexta-feira ter posto termo ao seu único programa de desenvolvimento de um veículo lunar, apesar das declarações em finais do ano passado do Presidente norte-americano, Donald Trump, de que queria voltar a enviar astronautas à Lua.
O anúncio, feito no site da agência espacial, apanhou de surpresa os próprios cientistas envolvidos no programa, denominado "Resource Prospector" (RP), que deveria conduzir à construção de um veículo robotizado destinado a explorar as regiões polares da Lua.
Segundo a France Press, os cientistas enviaram uma carta à NASA onde exprimem a sua estupefação pela decisão tomada.
"Tomámos agora conhecimento de que o RP foi suspenso a 23 de abril de 2018 e que a missão terá fim até final de maio", referem os membros do "Lunar Exploration Analysis Group (LEAG) no correio eletrónico enviado a Jim Bridenstine, que lidera a agência, e publicado no site "NASAWatch.com".
Os cientistas sublinham a "incredulidade e consternação" com que a notícia foi recebida na sua comunidade.
O robot lunar, cuja construção foi iniciada há cerca de dez anos, deveria ser o único do mundo capaz de explorar as regiões polares da Lua.
Seria ainda o primeiro módulo lunar norte-americano depois do Apollo 17, de 1972, e o primeiro veículo autónomo dos Estados Unidos sobre a Lua, com lançamento previsto para 2022.
A NASA indicou, em comunicado emitido na sexta-feira, que certos instrumentos do programa RP serão utilizados em futuros projetos da agência espacial, até porque diz ter prevista uma série de "missões robóticas graduais na superfície lunar", sem fazer referência específica à anulação do programa RP.
A agência procura "evoluir progressivamente no sentido de veículos de aterragem maiores, capazes eventualmente de ser habitados", indica apenas o comunicado.
Jim Bridenstine, confirmado esta semana na liderança da NASA, assegurou no Twitter que está empenhado na exploração lunar.
O Presidente dos Estados Unidos confirmou em dezembro do ano passado a vontade dos Estados Unidos de voltar a enviar astronautas para a Lua pela primeira vez desde 1972, a fim de preparar uma missão habitada em direção a Marte.
"Desta vez, não se trata apenas de colocar a nossa bandeira e de deixar as nossas pegadas. Estabeleceremos uma base para uma missão a Marte e talvez um dia mais além", declarou Trump numa cerimónia na Casa Branca.