No âmbito da MONSTRA – Festival de Animação de Lisboa, realizou-se no sábado (18), no Cinema São Jorge, um painel que discutiu, pela primeira vez em Portugal, a temática da Animação e Realidade Virtual. A B!T Magazine fez parte deste debate e esteve a acompanhar a sessão. Em seguida, houve tempo para experimentar vários projetos e ver vários filmes especialmente concebidos para esta tecnologia imersiva.
A talk contou com a presença de Rachid El Guerrab, project manager da Google Spotlight Stories pertencente ao Google ATAP (Advanced Technology and Projects group); Tim Ruffle, realizador da Aardman Animation; Luke Ritchie, Head of Interactive Arts do Nexus Studios; Rui Guedes, fundador da Ground Control Games e Rafael Antunes, professor da Universidade Lusófona e responsável pela tecnologia 360º VR no grupo Impresa. A discussão foi modera por Susana Marvão em representação da B!T Magazine.
Rachid El Guerrab falou de como o projeto da Google Spotlight Stories quis explorar a tecnologia dos smartphones para oferecer algo diferente aos utilizadores e traçou a evolução tecnologia VR dentro da animação. O project manager indicou ainda que um dos desafios que encontram é conseguir “levar” o utilizador pela história de forma que não fiquem perdidos na narrativa. Esta iniciativa do gigante tecnológico americano é responsável por filmes como Pearl, candidato ao Óscares, ou Rain or Shine, o mais imersivo até agora. Estes foram alguns dos filmes que podemos assistir no Cinema São Jorge, e acreditem quando dizemos que fale a pena ver.
Tim Ruffle realizou a sua apresentação com base no filme da Aardman, o Special Delevery . Abordou o processo de desenho das personagens e do local em onde se passa o filme, um condomínio. Este era também um dos filmes presentes na área de demonstrações. O realizador indicou ainda que desenvolvimento de conteúdos para realidade virtual é um processo de tentativa e erro até se encontrar a fórmula certa.
Luke Ritchie afirmou que é difícil fazer a passagem dos filmes tradicionais para filmes 3D e em VR e referiu vários projetos dos Nexus Studio, nomeadamente o 1600 que usa uma nota de 1 dólar para retratar um ano de vida na Casa Branca (1600 Pennsylvania Av) através de realidade virtual e aumentada.
Rui Guedes falou da história da startup Ground Control Games e de como esta foi a primeira empresa portuguesa a criar um jogo de realidade virtual e a ter um jogo na loja da Oculus. O portuense deu a sua perspectiva da utilização de VR na animação dentro da área dos videojogos. A empresa de gaming é também responsável por várias iniciativas interativas para diversas entidades portuguesas. Uma delas é o Porto.VR360, realizada a pedido da Câmara Municipal do Porto, em que é possível passear pela cidade e pela sua história de forma imersiva.
Rafael Antunes, por sua vez, apresentou quais as diferenças entre realidade virtual e aumentada, como tem sido a taxa de adopção das tecnologias e o que está a ser feito na área de 360º e realidade virtual no grupo Impresa. O professor da Lusófona mostrou também projetos dos seus alunos e indicou que considera que “ainda estamos a aprender a forma de contar histórias e fazer narrativas em realidade virtual”.
No final, a moderadora fez um resumo das três principais conclusões do debate que foram: a necessidade de um modelo de negócio para o uso da realidade virtual pois de outra forma, os investimentos na área podem parar a médio prazo, a aposta na qualidade conteúdos e a melhoria da taxa de adopção da tecnologia. Mas foi unânime que para isto acontecer, de facto, a qualidade da narrativa e dos conteúdos é fundamental.
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