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quinta-feira, 18 de maio de 2017

Uma colecção de fotografia, como uma aventura de amor

O Centro de Artes Visuais, em Coimbra, revela pela primeira vez o núcleo fotográfico da Colecção Norlinda e José Lima. Albano da Silva Pereira, responsável pela curadoria, diz que é como “um diamante em bruto que ainda está por facetar”.



Albano da Silva Pereira não precisou de pensar muito para concordar com a palavra “provocação”, quando a pergunta andou à volta das motivações que o levaram a pegar no núcleo de fotografia da colecção Norlinda e José Lima para mostrar parte dele no Centro de Artes Visuais (CAV), em Coimbra. “Provocação, no bom sentido”, entenda-se, porque a partir de Un Certain Regard, exposição inaugurada este fim-de-semana, a ideia é não só incentivar a reflexão em torno da fotografia contemporânea e da sua relação com outras artes, mas também desafiar “construtiva e criticamente” o próprio coleccionador e a forma como foi alargando o seu espólio ligado ao suporte fotográfico.


"Esta colecção faz parte da minha carne e do meu espírito", dizia José Lima em 2013, quando as obras de arte que andou a comprar desde o início dos anos 80 “saíram do armário” para a primeira exposição na Oliva Creative Factory, em São João da Madeira. Esse momento permitiu perceber o quão ecléctico é este importante núcleo que vai do pós-guerra à actualidade e pôs a descoberto a forma pouco sistemática como foi construído. O que demonstra uma aproximação “emocional” à arte, sem lista de compras pré-definida. Mais do que um método (ou do que a ausência dele), José Lima revelou (para além de um quinto da sua colecção, cerca de 150 de um total de mil peças) uma maneira “aventureira” de estar no coleccionismo de arte, postura em que Albano da Silva Pereira vê mais forças do que fraquezas.

Quando chegou o momento de escolher as peças para esta primeira exposição apontada ao núcleo de fotografia da colecção, o fundador dos extintos Encontros de Coimbra e director do CAV viu-se perante um “bico-de-obra”, dada a falta de critérios unificadores, linhas de coerência (as fraquezas) que dessem forma a “um corpus de fotografia”. Há “peças extremamente importantes”, mas (ainda) não é “uma verdadeira colecção de fotografia contemporânea”, diz o curador. “A escolha foi muito difícil. [A colecção] não foi feita com a ajuda de um especialista da matéria, foi sendo feita a partir de compras avulsas. É uma situação que torna o trabalho do curador mais complicado. A partir das limitações e dos gostos do coleccionador, procurei diálogos entre as obras fotográficas e também entre estas e peças de escultura de autores que que estarão mais próximos da densidade e do realismo da fotografia, como Noé Sendas, Rui Chafes e Diogo Pimentão. Também há nomes ligados ao vídeo, como João Maria Gusmão & Pedro Paiva, ao desenho e à pintura”, explicou ao PÚBLICO Albano da Silva Pereira.






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