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terça-feira, 15 de março de 2022

Alexa para pets? Pesquisadores usam inteligência artificial para entender comunicação dos animais

Por mais que a ciência e a tecnologia avancem, até hoje não foi descoberta uma forma eficiente de comunicação com os animais. Mas isso pode estar perto de mudar, já que pesquisadores estão utilizando inteligência artificial - usada em equipamentos de assistência virtual, como a Alexa - para analisar a “fala” dos bichos e, com isso, preencher a distância que existe entre inteligências humanas e não humanas.

“É fascinante que as ferramentas da inteligência artificial, especificamente o aprendizado profundo, que é a novidade, pareçam ser as ferramentas naturais para estudar esse outro tipo de 'IA' – inteligência animal”, disse Oren Etzioni, pesquisador e chefe do Allen Institute for AI, ao portal Days Tech.


Neste novo tipo de estudo, pesquisadores de comunicação animal estão utilizando ferramentas de IA, que nos últimos tempos se mostraram eficientes para lidar com a linguagem humana.

Chamado de aprendizagem autossupervisionada, o método, segundo Aran Mooney, cientista afiliado do laboratório sensorial e bioacústico da Woods Hole Oceanographic Institution, se revela promissor como solução para a análise de imensas porções de gravações de comunicação animal, capturadas em laboratórios e ambientes naturais - e que tem fluido para os sistemas de computadores de cientistas em todo o mundo.

O Days Tech explica que os métodos autossupervisionados “aprendem” com os padrões inerentes ao conhecimento.

Dentre as iniciativas que já surgiram e que poderão ajudar a compreender o que os bichos dizem está o “DeepSqueak”. Desenvolvido por Kevin Coffey, neurocientista da Universidade de Washington que pesquisa as vocalizações de ratos e camundongos de laboratório, ele é um conjunto de software de detecção e análise de vocalizações ultrassônicas. Além de ratos e camundongos, tem sido usado nas vocalizações de primatas e golfinhos.

Outros métodos baseados em IA para analisar as comunicações dos animais se concentram mais em como eles falam na natureza e têm objetivos mais rápidos do que entender o que está em suas mentes.

O Whale Safe, um desafio realizado pela ONG Benioff Ocean Initiative, está implantando boias na costa oeste dos Estados Unidos para detectar baleias e alertar navios. A partir deste projeto, os cientistas estão conseguindo detectar de forma rotineira os chamados das baleias. Mais um sistema baseado em IA, o BirdNET, idealizado por pesquisadores da Cornell University e da Chemnitz University of Technology, na Alemanha, agora pode reconhecer os chamados de mais de 3 mil espécies totalmente diferentes de pássaros.

Tecnologias estão mais baratas e acessíveis 

Além de estratégias mais recentes, como o estudo aprofundado, o que está impulsionando o uso de IA para processamento de comunicação de animais é o fato das tecnologias estarem mais baratas e acessíveis.

A organização  Wildlife Acoustics, por exemplo, vende pequenos gravadores de áudio externos movidos a bateria que podem captar sons feitos por todos os tipos de animais. Os equipamentos, que custam a partir de US$ 250, são utilizados por conservacionistas, cientistas e educadores em todo o mundo, em tarefas que variam de monitorar sapos a defender morcegos de serem mortos por geradores eólicos.

Este movimento de barateamento e acessibilidade tem tido efeitos sobre pesquisadores oceânicos. Tanto que um grupo interdisciplinar e multi-institucional lançou um desafio conhecido como Biblioteca Global de Sons Biológicos Subaquáticos. O grupo tentará usar estratégias como o estudo autossupervisionado aos sons cacofônicos de, por exemplo, recifes de coral.

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