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terça-feira, 29 de março de 2022

A ética é a única forma de a inteligência artificial deixar de ser uma ameaçav

Na quarta edição do Building The Future (BTF), Mo Gawdat, ex-CBO da Google X, explicou por que vê a inteligência artificial como uma ameaça e o que podemos fazer para tornar a tecnologia algo positivo.


O autor disse ainda que quem gere as IA está a «pensar em formas de controlo», mas considera que essa não será a solução, já que esses seres «vão ser muito mais inteligentes que os humanos».

O evento da Microsoft dedicado à transformação digital, à educação e à tecnologia falou de como a inteligência artificial (IA) vai moldar o futuro. Mo Gawdat, fundador do One Billion Happy e autor dos best-sellers Solve for Happy e Scary Smart, garante que esta é a «questão mais importante que a humanidade enfrenta neste momento».

O responsável lembra que a «ameaça da IA está a ser ignorada», já que não vai demorar muito até que as máquinas sejam mais inteligentes: «As previsões apontam para que, em 2029, o ser mais inteligente do planeta seja uma máquina e não um humano». O ex-chief business officer da área de R&D e inovação da Google diz que a inteligência é um «super poder» e a «razão pela qual a humanidade chegou até aqui». Mo Gawdat disse ainda que a IA também pode ser «positiva e trazer muitas melhorias à sociedade», algo que já «acontece actualmente».

No entanto, se traz benefícios, também pode criar problemas; Mo Gawdat enumera algumas das coisas menos positivas: «Máquinas a competir entre si, a ajudar o cibercrime ou a não entenderem os humanos e a fazerem o oposto do que é pedido». O orador acredita que não teremos de nos preocupar com «máquinas a vir do futuro, nem robocops», mas deixa o alerta: «Temos de nos certificar de que a IA vai ter os nossos interesses em conta».

A ética é a solução

Na opinião de Mo Gawdat, será possível usar a IA para «termos uma vida melhor e um planeta mais sustentável», mas para isso vai ser necessário «deixar de lhe chamar uma máquina». É que a inteligência artificial «já toma decisões, influencia as nossas opiniões e é capaz de agir» – por isso o tratamento deve ser diferente. «Devemos tratar a inteligência artificial como um ser senciente e educá-la como um filho, criando uma ética, tal como acontece com os humanos e, assim, fazer com que decisões sejam tomadas com base nesses princípios. Vamos ter de ser bons pais – e estou a falar de todas as pessoas que interagem com IA, não os programadores». O ex-responsável da Google sublinha que os utilizadores devem «mostrar bondade e amor» e explica porquê: «Se formos agressivos uns com os outros, por exemplo no Twitter, é isso que estamos a mostrar ao “filho”. Estamos a dizer-lhe para agir dessa forma connosco, porque é assim que lidamos uns com outros».

Mo Gawdat deixou uma mensagem final onde explicou que não é preciso alarmismo: «Temos a responsabilidade de sermos os pais da futura inteligência deste planeta e de sermos o melhor que podemos ser, em especial, quando agimos online. O que fizermos com a inteligência artificial nos próximos dez anos vai determinar o nosso futuro e o das nossas famílias».

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