Acontece até domingo (13) no Grand Palais a 20ª edição do salão Paris Photo. O evento, que espera receber cerca de 60 mil visitantes durante seus quatro dias de duração, acolhe 153 galerias de mais de 30 países. Apesar de muitos fotógrafos latino-americanos expostos, este ano há apenas um estande brasileiro.
O livro Caixa-Preta, de Celso Brandão, é uma das obras apresentadas no Paris Photo
Celso Brandão/Editora Madalena
Celso Brandão/Editora Madalena
Após ter interrompido sua edição de 2015 por causa dos atentados terroristas de Paris, o salão volta com força este ano. O evento, que começou em 1997 com apenas 50 expositores, triplicou de tamanho em duas décadas, principalmente graças ao espaço que ganhou a fotografia no mundo das artes, inclusive em termos de valores comerciais. Segundo o site Artprice, especializado no setor, o mercado mundial das fotos de arte pesa hoje € 138 milhões, dez vezes mais que no ano da criação do salão parisiense.
Rapture series (women in a line), foi realizada por Shirin Neshat em 1999 e é representada no Paris Photos pela galeria portuguesa Filomena Soares Shirin Neshat/Galeria Filomena Soares
Para os fotógrafos, Paris Photo é a vitrine perfeita. “A vantagem é que a feira alia o aspecto comercial, que é onipresente, com uma dimensão mais humana, com encontros de personalidades conhecidas com fotógrafos aspirantes”, comenta o fotógrafo senegalês Omar Victor Diop. “O mesmo acontece com os colecionadores, pois há donos de coleções importantes ao lado de pessoas que estão começando a colecionar”, analisa.
Jornada do Alumbramento de Apollo, Penna Prearo, faz parte dos trabalhos apresentados nas publicações da editora Madalena em Paris
Outro aspecto importante de Paris Photo é a diversidade de estilos apresentados. “Trouxemos nomes extremamente diferentes, como a artista Helena Almeida, que trabalha desde 1968 – e acaba de ter uma exposição no museu parisiense Jeu de Paume –, e fotógrafos como Pedro Barateiro, que tem cerca de 30 anos”, relata Manuel Santos, diretor da galeria portuguesa Filomena Soares.
“É uma grande sorte poder expor ao lado de nomes como Malick Sidibé, Man Ray ou Diana Arbus, artistas que contribuíram muito para a fotografia contemporânea”, comenta a fotógrafa canadense de origem haitiana Émilie Régnier, que trabalha frequentemente com temáticas ligadas à África. Já para Diop, “expor em Paris significa um reconhecimento que vai além dos parâmetros continentais. Aqui eu não sou visto como um fotógrafo africano, mas simplesmente como um fotógrafo”. E isso serve de motor para os jovens talentos em busca de legitimidade além de suas fronteiras.
Já do lado das galerias, Paris Photo é vista como “uma das maiores feiras internacionais da fotografia, o que explica o interesse das galerias internacionais”, analisa o português Manuel Santos. Mas o evento é uma etapa indispensável não apenas para as vendas, mas também para sentir a temperatura do mercado. “Isso aqui é um grande momento da fotografia mundial, do ponto de vista de estratégia de colocação no mercado de uma editora. É muito mais que comercial, pois há colecionadores do mundo inteiro que vêm aqui para comprar, mas também que passam por aqui para te conhecer”, relata Iatã Cannabrava, fotógrafo, produtor cultural e diretor da editora Madalena, o único estande brasileiro do evento.
Cannabrava admite que o mercado da fotografia de arte no Brasil ainda é muito pequeno. “Apenas os fotógrafos que conseguem sair das fronteiras e se expor ao mercado internacional têm uma capacidade de colocação maior de seus trabalhos. E Paris Photo é, para isso, uma plataforma fundamental”.
Fotógrafos com seus telefones
Se o mercado de fotos de arte explodiu, a prática da fotografia também se banalizou, principalmente por causa da popularização dos equipamentos, e também do uso dos telefones celulares. Basta ver o número de visitantes, nos corredores do Paris Photo, usando seus smartphones para tirar fotografias das fotografias expostas no Grand Palais.
“Com o fato de que todo mundo fotografa hoje, e que muitos fotógrafos não sabem se posicionar diante dessa nova realidade, há uma situação bastante delicada, onde as pessoas estão fechando seus estúdios fotográficos para abrir restaurantes ou procurando outra profissão”, analisa Cannabrava, que acredita que atualmente há mais espaço no mercado que tem um olhar de curadoria, e não apenas quem sabe fazer belas imagens.
Manuel Santos concorda e estima que é preciso que tanto artistas, quanto galeristas e colecionadores, estejam “atentos para a qualidade das obras e os suportes” usados.
Obra de arte?
A questão da legitimidade da fotografia como obra de arte, que durante muito tempo dividiu os puristas, também vem sempre à tona nos corredores do Paris Photo. Mas Cannabrava evita esse debate. Ele, que se considera um “curador popular”, encontrou uma definição pragmática: “A fotografia continua sendo um meio importantíssimo de expressão e de comunicação e tem gente que a compra como arte. Sorte a nossa, pois vendemos e estamos nas paredes das pessoas que amam fotografia. Mas cabe ao mundo das galerias, historiadores e curadores definir o que é arte ou não.”
fonte:http://br.rfi.fr/cultura/20161110-salao-paris-photo-celebra-20-edicao-como-referencia-mundial-na-fotografia-de-arte
“É uma grande sorte poder expor ao lado de nomes como Malick Sidibé, Man Ray ou Diana Arbus, artistas que contribuíram muito para a fotografia contemporânea”, comenta a fotógrafa canadense de origem haitiana Émilie Régnier, que trabalha frequentemente com temáticas ligadas à África. Já para Diop, “expor em Paris significa um reconhecimento que vai além dos parâmetros continentais. Aqui eu não sou visto como um fotógrafo africano, mas simplesmente como um fotógrafo”. E isso serve de motor para os jovens talentos em busca de legitimidade além de suas fronteiras.
Já do lado das galerias, Paris Photo é vista como “uma das maiores feiras internacionais da fotografia, o que explica o interesse das galerias internacionais”, analisa o português Manuel Santos. Mas o evento é uma etapa indispensável não apenas para as vendas, mas também para sentir a temperatura do mercado. “Isso aqui é um grande momento da fotografia mundial, do ponto de vista de estratégia de colocação no mercado de uma editora. É muito mais que comercial, pois há colecionadores do mundo inteiro que vêm aqui para comprar, mas também que passam por aqui para te conhecer”, relata Iatã Cannabrava, fotógrafo, produtor cultural e diretor da editora Madalena, o único estande brasileiro do evento.
Cannabrava admite que o mercado da fotografia de arte no Brasil ainda é muito pequeno. “Apenas os fotógrafos que conseguem sair das fronteiras e se expor ao mercado internacional têm uma capacidade de colocação maior de seus trabalhos. E Paris Photo é, para isso, uma plataforma fundamental”.
Fotógrafos com seus telefones
Se o mercado de fotos de arte explodiu, a prática da fotografia também se banalizou, principalmente por causa da popularização dos equipamentos, e também do uso dos telefones celulares. Basta ver o número de visitantes, nos corredores do Paris Photo, usando seus smartphones para tirar fotografias das fotografias expostas no Grand Palais.
“Com o fato de que todo mundo fotografa hoje, e que muitos fotógrafos não sabem se posicionar diante dessa nova realidade, há uma situação bastante delicada, onde as pessoas estão fechando seus estúdios fotográficos para abrir restaurantes ou procurando outra profissão”, analisa Cannabrava, que acredita que atualmente há mais espaço no mercado que tem um olhar de curadoria, e não apenas quem sabe fazer belas imagens.
Manuel Santos concorda e estima que é preciso que tanto artistas, quanto galeristas e colecionadores, estejam “atentos para a qualidade das obras e os suportes” usados.
Obra de arte?
A questão da legitimidade da fotografia como obra de arte, que durante muito tempo dividiu os puristas, também vem sempre à tona nos corredores do Paris Photo. Mas Cannabrava evita esse debate. Ele, que se considera um “curador popular”, encontrou uma definição pragmática: “A fotografia continua sendo um meio importantíssimo de expressão e de comunicação e tem gente que a compra como arte. Sorte a nossa, pois vendemos e estamos nas paredes das pessoas que amam fotografia. Mas cabe ao mundo das galerias, historiadores e curadores definir o que é arte ou não.”
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