Rita Maçorano e Francisca Canais estavam no mestrado integrado em Engenharia Biomédica e Biofísica na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa quando decidiram criar a Nevaro, uma start-up que tinha como objectivo tratar fobias através de realidade virtual. Desenvolveram um projecto que estava a decorrer em ambiente clínico, ainda numa fase piloto. Mas a pandemia chegou e a start-up teve de se readaptar. Conscientes do aumento dos níveis de burnout e stress, as fundadoras quiseram criar algo que fosse um instrumento de autogestão da saúde mental. E assim nasceu a Holi, “um pequeno cérebro que funciona como o personal trainer da saúde mental”, começa por explicar Rita Maçorano, 24 anos, ao P3.
Esta aplicação baseia-se em “técnicas de psicologia positiva digitalizadas”, ou seja, técnicas que são utilizadas habitualmente no acompanhamento psicológico e psiquiátrico. O objectivo é “que qualquer pessoa possa ir gerindo a sua saúde mental de uma forma preventiva”. E há várias estratégias. Desde um mood tracking, em que a “Holi pergunta todos os dias como é que a pessoa se sente” – e desta forma é possível fazer um padrão evolutivo das emoções −, até um espaço para a escrita de um pequeno diário, onde a pessoa pode escrever ou gravar um áudio para se exprimir e, através de etiquetas, a app faz uma categorização dos pensamentos.
A Holi tem também uma “biblioteca de outras estratégias” que são recomendadas ao utilizador consoante o estado psicológico. “Técnicas de respiração, pequenas meditações, técnicas para acelerar o metabolismo”, enumera Rita. Para oferecer um serviço personalizado e “diferenciador”, a app recorre às funcionalidades do telemóvel para ver o impacto no utilizador. “Por exemplo, na meditação e na respiração, recorremos ao microfone do telefone para ouvir a respiração e adaptar o caminho da mesma”, explica a antiga estudante da Universidade de Lisboa.
Todas estas funcionalidades permitem personalizar a “jornada do utilizador” e fazer uma avaliação. “Temos uma metodologia do semáforo onde vamos enquadrando a pessoa no verde, amarelo ou vermelho e, consoante a pessoa se vai aproximando de um estado de maior alerta, recomendamos que se dirija a um clínico especializado”, afirma a co-fundadora.Com todos estes dados, as empresas que tiverem este serviço podem conhecer o “estado da saúde mental global” dos colaboradores e, desta forma, adoptar medidas que melhorem o bem-estar em ambiente de trabalho. A jovem afirma que os empregadores não têm acesso à informação individual de cada trabalhador, uma vez que a app segue a “confidencialidade europeia da protecção de dados”, apenas fornecendo “métricas agregadas e a análise dos vários colaboradores”.
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