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quinta-feira, 14 de abril de 2022

Com inteligência artificial, startup deteta câncer de mama precocemente

Por meio de um sensor infravermelho e inteligência artificial, a Linda Lifetech levantou R$ 8 milhões para tornar as mamografias mais assertivas
Da esquerda para direita: Rubens Mendrone, Rodrigo Victorio, Raquele Rebello e Luis Renato Lui, cofundadores da Linda: startup tem planos de ir para o exterior (Divulgação/Linda Lifetech)



O câncer de mama é o câncer que mais mata mulheres no mundo. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), somente neste ano, estima-se que 66.280 novos casos da doença sejam diagnosticados no Brasil.

As mamografias são o principal método para diagnóstico do câncer de mama atualmente, mas funcionam melhor em mulheres acima dos 40 anos.

Antes desse período, as mamas são mais densas e a detecção pelo mamógrafo é mais difícil, o que gera um maior número de erros nos resultados, além exposição desnecessária à radiação.

Mas e se, por meio de inteligência artificial, fosse possível detectar o câncer de mama precocemente sem precisar se submeter a uma mamografia que, diga-se, pode ser bem incômoda?

É essa a proposta da Linda Lifetech, startup fundada em 2017 pelos empreendedores Luis Renato Lui, Rubens Mendrone, Rodrigo Victorio e Raquele Rebello.

Mendrone, que foi executivo da IBM, apresentou o projeto durante um hackaton da companhia. A proposta da Linda consiste em um sensor infravermelho que captura a imagem da mama da paciente e envia para um servidor na nuvem.

De lá, com ajuda de inteligência artificial, a imagem é comparada com um banco de dados, que conta com mais de 5 milhões de informações, em busca de indícios de lesões cancerígenas.

“Avaliamos questões como hipervascularização e contraste de temperatura, por exemplo. Quanto mais a ferramenta for utilizada, mais dados ela terá e o diagnóstico será cada vez mais aprimorado”, diz Rubens Mendrone.

Desde que nasceu, a Linda já realizou mais de 12 mil exames e, atualmente, conta com 14 clientes, majoritariamente da rede pública como redes de saúde do Maranhão, São Caetano do Sul (SP) e Goiana, no interior de Pernambuco.

Além disso, também realizou parcerias com ONGS, como a Associação Mulheres de Peito.

“Mais de 80% das mamografias dão resultados negativos, enquanto isso diversas cidades não têm mamógrafos. Essa falta de assertividade gera um gargalo para o sistema público, que já não dá conta de atender todo mundo”, afirma Luis Renato Lui.

A ideia, porém, é ser uma tecnologia complementar aos mamógrafos. “Não queremos acabar com as mamografias, mas sim contribuir para que elas sejam feitas quando, de fato, é necessário. O que entregamos são achados suspeitos para acelerar o processo de diagnóstico e aumentar as possibilidades de cura”, diz Luis.

A Linda não cobra pelo equipamento, que é entregue aos clientes em forma de comodato. A monetização vem por meio da cobrança de uma franquia, que dá direito a 220 exames por mês. “É como se fosse TV por assinatura”, brinca Luis.

Até agora, a Linda já captou cerca de R$ 8 milhões em investimento com fundos familiares e está prestes a fazer uma nova rodada de investimentos, prevista para levantar R$ 20 milhões. Porém, os planos são ambiciosos e incluem, inclusive, abertura de operações fora do Brasil.

“O câncer é um problema global. Já recebemos convites para participar de feiras no Canadá e na França. Mas o mercado de saúde é bastante regulado, não dá para fazer MVP. Estamos caminhando e isso deve ser algo de longo e médio prazo”, completa Luis.

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