Pesquisar aqui

quarta-feira, 18 de maio de 2022

Jaron Lanier, polêmico cientista da Microsoft, critica big techs e criptos e diz que tem medo do TikTok

Os dreadlocks de Jaron Lanier continuam os mesmos. E as opiniões polêmicas sobre internet, redes sociais e inteligência artificial, também. Para quem não lembra, Lanier é um cientista, filósofo, escritor e artista que nunca hesitou em atacar os efeitos negativos da tecnologia - condenando a polarização gerada pelas redes sociais, muito antes do termo fake news ter sido criado. Entre seus livros de sucesso, estão "Você não é um Aplicativo", "Bem-vindo ao Futuro" e "Dez Argumentos Para Você Deletar Agora Suas Redes Sociais".

O visual hippie não é à toa. Lanier é um rebelde que atua dentro do próprio sistema que ataca. Foi um dos criadores da realidade virtual, que desenvolveu na startup VPL Research, a primeira a vender equipamentos de RV, ainda nos anos 1980. Atualmente, trabalha como cientista pesquisador na Microsoft. Mas, questionado, não tem o menor problema em atacar os bilionários da internet, lamentar a maneira como as grandes companhias (incluindo a sua) lidam com a inteligência artificial e celebrar as qualidades da Web3.


Nem por isso é um defensor das soluções descentralizadas que prometem um novo futuro. Para ele, criptomoedas premiam apenas os privilegiados e perpetuam a desigualdade que dizem contestar. Confira a seguir os principais trechos da entrevista que Lanier concedeu a Época NEGÓCIOS, durante o evento Brazil at Silicon Valley.

Perigos da inteligência artificial

"A tecnologia hoje está muito centralizada, e não existem regulações. A razão dessa centralização é que são necessários equipamentos robustos, com programas complexos, para conseguir os resultados que queremos. E só algumas organizações no mundo têm os recursos para isso. Microsoft e Google estão nesta lista. A China obviamente pode fazer isso.

E ninguém está regulando nada. Mas isso vai mudar. Vamos começar a ver mais questões regulatórias, especialmente vindas da Europa. Eu acredito que algumas regulações podem ser positivas. Mas não é isso que vai resolver.

O que precisamos fazer é mudar o modelo de negócio. Precisamos lembrar que os algoritmos não são essas inteligências mágicas criadas por alienígenas. Eles são criados e alimentados por seres humanos. Então, é preciso conferir às pessoas a responsabilidade de tornar os algoritmos melhores. Por exemplo, se um algoritmo for racista, é preciso designar pessoas que irão colocar os dados corretos e fazer com que seja menos racista.

Esse tipo de atividade deve virar uma profissão, pessoas encarregadas de alimentar o algoritmo com as informações certas, para torná-los menos enviesados. Isso pode também ajudar a reduzir o desemprego.

Ao mesmo tempo, pessoas que têm más intenções e colocam dados negativos nos algoritmos, para prejudicar os outros e a sociedade, deveriam ser banidos. Se tivermos um sistema econômico no qual as pessoas são incentivadas e recompensadas para serem contribuidores positivos, teremos algoritmos que funcionam melhor e são menos centralizados. E esse é o futuro no qual precisamos chegar.”



Sem comentários:

Enviar um comentário

Comente de forma construtiva...

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.