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sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Para onde vamos...

"A diferença está entre assistir a um filme, ou fazer parte da ação, em ouvir um concerto ou poder andar pelo palco junto à banda, em assistir a uma imagem aérea ou poder ser um pássaro e voar no alto..."


Já falámos do que foi o VR... iremos agora falar do que se espera dele e de como isso nos irá afetar. Porque afinal não é por ter certos aspetos positivos e de facto ter proporcionado um estilo de vida diferente que valha a pena comercializá-lo. Já escrevi um artigo sobre isto em que falava dos aspetos positivos e negativos do VR mas irei tratá-los novamente com maior rigor e contextualização. Mas antes disso...

  • Para onde vamos...
Esta análise que aqui se está a fazer não passam de simples futurologias, uma vez que não se pode prever o futuro. Mas já temos planos para o mesmo. 

Tal como em todas as ciências, o objetivo do VR será aproximar-se cada vez mais de uma simulação perfeita da realidade. Atualmente ficamo-nos pela ilusão de dois dos cinco sentidos: a visão e a audição. Ou seja, se uma projeção perfeita recria 100% da realidade terá também de recriar os cinco sentidos do ser humano. Tendo dominado dois desses 5 sentidos a VR está em 40% do seu potencial máximo, ou seja, da ilusão perfeita em que o sujeito não sabe se está dentro ou fora de uma ilusão. Como já se falou anteriormente, houve, na história um aparelho que simulava o cheiro e a sensação de vento na cara, (o Sensorama) mas este, tal como os que lhe sucederam, eram incapazes de incorporar nos seus programas um rastreador de movimento. Por outras palavras, imaginemos que a sensação olfativa de cheiro a chocolate aparecia x segundos após o início da simulação, porque a essa altura o sujeito passava ao pé de um bolo de chocolate. Nesse caso a fonte produtora do cheiro a chocolate apenas tinha um comando que era transmitir o cheiro a chocolate x segundos depois de começar a simulação e durante x segundos determinados. Tinha apenas um comando pois apenas há uma simulação possível. O que possivelmente o VR vai tentar explorar no futuro é a criação de um produtor de chocolate que proporcione o mesmo cheiro em infinitas situações. Por exemplo na mesma simulação eu passo na cozinha duas vezes, a mesma fonte de cheiro tem de proporcionar esse cheiro duas vezes, exatamente no mesmo tempo em que outras máquinas iludem os restantes sentidos. Como por exemplo a criação de um fato que nos transmite a sensação de calor em certos locais e frio noutros. Isto é um assunto extremamente complicado pelo que eu acho que ainda vá faltar algum tempo para isso vir a acontecer e se vier a acontecer.

E isto leva-nos ao segundo ponto, que é não será que vai acontecer mas sim se de acontecer a evolução do VR. Como já mencionei atualmente cerca de 40% dos nossos sentidos podem facilmente ser iludidos por um aparelho de VR, criando qualquer simulação possível aos olhos do usuário. Mas... será que deveremos passar desses 40%? Há um filme chamado Ready Player One, para quem viu ótimo para quem não viu aconselho a ver, em que o mundo inteiro vive dentro de uma simulação da qual vive dependente. Simulação esta que alcança 60% dos sentidos do homem:; a visão, a audição e o tato. Os jogadores podiam mesmo ser sujeitos a torturas dentro do jogo. E isto leva-nos a algumas questões. Por mais incrível e vantajoso que seja o VR será que estamos totalmente seguros com ele? Em termos de saúde física e mental, em termos de privacidade, em termos da nossa própria interação com o que nos rodeia? Não há como saber isso. Se o ser humano já sofre o que sofre em 2D será que vale a pena arriscar para o 3D, uma simulação ainda mais difícil de se sair? Dá que pensar não dá? 

Há ainda outra questão moral que nos vem logo que é a utilização desta tecnologia, e se é positiva ou negativa, ou até extremamente negativa. Como eu mencionei antes, nesse filme, 60% dos sentidos do homem são como se fossem transferidos para outro plano. No filme, o tal "jogo" passa de um jogo para uma plataforma, e de uma plataforma, para um espaço de corrupção e rigidez. São até feitos escravos que são colocados dentro de uma simulação forçada da qual não podem sair, obrigando-os a fazer trabalhos forçados. E se isso realmente acontecesse? Quero dizer, atualmente com tanta gente má no mundo uma pessoa pode ser arruinada através de um ecrã quanto mais de uma simulação inteira. O que nos garante que não há quem faça isso? O que nos garante que o que o VR traz de bom seja superior ao que traz de mal? Eu estou a especificar para o jogo desse tal filme de que falei mas provavelmente haverá alguém que se lembre disso, porque afinal os jogos multijogador online são as maiores fontes de rendimento. Dá que pensar não dá? Poderá esta ilusão ser tão perfeita que 60% baste para persuadir o ser humano a ficar nesta realidade em vez de no mundo real. E se isto que estamos a viver não seja também uma mera ilusão? Dá que pensar não dá?

Poderemos até dizer que vamos ser responsáveis e tal mas não sabemos se o que há do outro lado não nos fará mudar de posição. Afinal o que o homem faz de melhor é cair constantemente em ilusões. Ilusões essas que prefiro que não existam.

 

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